‘Museu Vivo’ do primeiro domingo (7) de junho reúne nove ‘fazedores’ da cultura popular

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A programação do ‘Museu Vivo’ do primeiro domingo de junho (7), no Museu do Folclore de São José dos Campos, no Parque da Cidade, promete ser bastante movimentada. Durante toda a tarde, nove ‘fazedores’ da cultura popular local e regional vão mostrar um pouco dos seus ‘saberes’ sobre técnicas tradicionais de construção, artesanato, culinária e música. A atividade é aberta ao público das 14h às 17h e acontece na área externa do museu.

Na música estarão reunidos os violeiros José Caldas Justino (Donizeti Caldas), Laércio Benedito Pereira e Sebastião Aparecido Ribeiro (Tião Guará), além da dupla Benedito Moreira e José Ramos (Minuano e Hawai). Para a culinária foram convidadas são Maria Nanci Silva e Esmênia Martins Bueno e para o artesanato Maria Aparecida da Silva. E ainda José Donizetti (Biscuit), para técnicas tradicionais de construção. Confira abaixo o perfil de cada um deles.

MÚSICA

José Caldas Justino

O violeiro José Caldas Justino (Donizeti Caldas) nasceu na zona rural de Paraisópolis (MG) e desde pequeno gostava das músicas que escutava nas rádios e na casa dos vizinhos, sonhando ser cantor um dia. Com 12 anos de idade trocou um relógio de pulso e dois galos garnizé por um cavaquinho usado, na intenção de aprender a tocar, mas ficou só na tentativa, porque não havia quem o ensinasse.

Mais tarde, já adulto, José Caldas trocou o cavaquinho por um violão e passou a estudar sozinho. Mas parou, pois mais uma vez não conseguiu aprender por conta própria. Com 20 anos veio para São José dos Campos em busca de melhores oportunidades de trabalho e foi empregado da GM, onde se aposentou.

Finalmente, aos 52 anos, passou a fazer um curso de viola com o Ivo Viola e só então realizou o sonho de tocar e cantar. Hoje participa do Grupo Viola Divina e atende convite de amigos para tocar em festas e eventos religiosos (católicos).

Laércio Benedito Pereira

Laércio Benedito Pereira nasceu em Brazópolis (MG) e sempre gostou de música sertaneja, que costumava escutar nos botecos, nas festas e no rádio. De noite, na roça, o programa era escutar música, ao vivo ou pelo rádio que o pai havia comprado. Ele também ouvia nos botecos e na casa de amigos.

Aos 25 anos, apesar de só ter trabalhado na roça, Laércio mudou-se para São José dos Campos para arrumar emprego na fábrica e hoje trabalha com reciclagem. Aos 40 anos ganhou uma viola e resolveu aprender a tocar. Autodidata, foi aprendendo aos poucos e hoje, vinte anos depois, toca e canta informalmente com amigos e com quem estiver na roda.

 

Sebastião Aparecido

Sebastião Aparecido Ribeiro (Tião Guará) nasceu em Pedralva (MG) e desde criança ouvia nas rádios a música sertaneja. A família possuía um rádio à pilha e em torno dele se reunia todas as noites para escutarem as modas de viola. Após o serviço militar, Sebastião abandonou a roça e veio para São José dos Campos onde trabalhou em fábrica. Hoje é aposentado.

Foi só em 1973 que Sebastião Aparecido decidiu se dedicar à viola. Comprou um instrumento e foi aprendendo sozinho, de olhar os amigos tocarem. Hoje faz dupla com diversos amigos, se apresentando em festas e eventos, sempre que é chamado.

 

 

Minuano e Hawai

Os violeiros Benedito Moreira e José Ramos formam a dupla Minuano e Hawai; e também já participaram do ‘Museu Vivo’ outras vezes. Eles já tocam juntos há oito anos, quando se conheceram por acaso. No domingo eles vão mostrar um pouco do talento musical no que chamam de ‘sertanejo regional’ do Vale do Paraíba.

 

 

 

 

 

CULINÁRIA

Esmênia Martins Bueno

Esmênia Martins Bueno nasceu em Jacareí, onde vive até hoje. Ela vai fazer um arroz doce que aprendeu com sua mãe, quando ainda era jovem. Na receita ela coloca raspas de casca de laranja para dar um gosto especial e gema de ovo de galinha caipira para deixar o doce ainda mais cremoso.

Naquela época não se utilizava leite condensado, o arroz doce era feito com leite comum. O arroz utilizado para preparar o doce, conta Esmênia, era plantado e colhido por seu pai, Aníbal Martini, agricultor que plantava às margens do Rio Paraíba.

 

 

 

 

Maria Luiza da Cruz

Maria Luiza da Cruz nasceu na zona rural de São José dos Campos e ainda hoje mora na periferia da cidade. Com 65 anos, ela conserva o modo de vida da roça de sua infância, criando galinhas, usando o pilão, o fogão de lenha, receitas antigas e fazendo todo tipo de artesanato de taquara.

O bolinho caipira que ela faz é uma receita da avó, que ela promete divulgar para quem for domingo ao ‘Museu Vivo’ experimentar. E já adianta: a massa da farinha de milho deve ser preparada três dias antes de fritar os bolinhos. “Dá trabalho, mas fica bom demais, vale à pena”.

 

 

 

 

ARTESANATO

Maria Aparecida da Silva

Maria Aparecida da Silva (Cidinha) nasceu em Campos do Jordão e veio para São José dos Campos ainda criança. Foi agente de saúde e trabalhou no hospital da Vila Industrial. Atualmente está aposentada e tem um brechó no bairro Campos de São José, bairro onde mora atualmente.

Entre outras habilidades artesanais, Cidinha vai mostrar como faz arranjo de flores, utilizando areia colorida. Ela conta que começou a fazer e a vender os arranjos numa época em que estava passando por dificuldades financeiras e isto a ajudou a se restabelecer. A princípio ela fazia com pó de mármore, mas passou a utilizar areia colorida para evitar problemas com a saúde.

 

 

 

 

CONSTRUÇÃO

José Donizetti

José Donizetti (53 anos), mais conhecido como Biscuit, participou pela primeira vez do ‘Museu Vivo’ mostrando seu conhecimento sobre técnicas tradicionais de construção. Na oportunidade ele construiu uma parede utilizando técnica do pau-a-pique, que tem em sua estrutura bambu, barro comum e barro branco (tabatinga). No domingo ele vai construir uma cobertura de sapê nesta parede e revesti-la com barro misturado em esterco.

“A construção em barro tem grande durabilidade, desde que seja mantida ao abrigo da umidade, o que é feito com uma cinta de pedras de pelo menos 1,5 m, isolando a parede do chão. Além disso é econômica, ecológica e tem boa estética”, explica José Donizetti. Ele mora no Bairro dos Freitas e trabalha como construtor, misturando as técnicas tradicionais e as novas.

O Projeto Museu Vivo é organizado pelo Centro de Estudos da Cultura Popular (CECP), associação social sem fins lucrativos, responsável pela gestão do Museu do Folclore de São José dos Campos. A realização é da Fundação Cultural Cassiano Ricardo (FCCR) e Prefeitura Municipal.

Museu do Folclore: Avenida Olivo Gomes, 100, Parque da Cidade, Santana. Informações: 3924-7318.

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