Uma vivência diferente, com muita conversa e compartilhamento de sabedorias populares, é o que promete o Museu Vivo especial deste domingo (21), no Museu do Folclore de São José dos Campos. Desta vez, 8 fazedores estarão reunidos numa roda de conversa para tratar do tema ‘Histórias e usos do fogão à lenha’.
O encontro integra o projeto Diálogos sobre Folclore deste ano e encerra a programação do museu pela 21ª Semana Nacional de Museus. A atividade do Museu Vivo é gratuita e aberta ao público, sendo realizada na área externa do museu aos domingos à tarde, das 14h às 17h. A próxima edição está prevista para o dia 28.
Roda de Conversa
Participarão da roda de conversa os seguintes fazedores: Alessandra Coelho, Cristina Alves, Damiana Francisco, Duglaci Souza Thompson, Henrique Marcos de Oliveira, José Donizetti Costa, Josefa Vieira da Silva e Saturnino de Barros Silva.
Além disso, Josefa Vieira também construirá um fogão de lata e Saturnino de Barros um fogão de chão. E Cristina Alves fará uma receita de virado de banana.
Perfis
José Donizetti Costa (Biscuit), 59 anos, é joseense e mestre da cultura popular. Trabalha com bioconstrução há mais de 30 anos. Desenvolveu projetos em vários pontos do Brasil e, em São José, é um dos responsáveis pela criação de um espaço cultural no Bairro dos Freitas, onde acontecem apresentações culturais, oficinas de artesanato, capoeira, yoga, palestras, reuniões sobre o terceiro setor, sustentabilidade e vários outros temas.
Luís Roberto Mageli, 69 anos, nascido em Resende (RJ). Casado, pai, aposentado e filho único. Na infância, quando chegava da escola e seus pais estavam trabalhando, acendia o fogo no fogão a lenha e aquecia sua comida em banho-maria. Conhece a técnica em que se retirava a parte interna do cupinzeiro e cozinhava bolo, pães, pão de queijo e carnes.
Outra prática comum era sentar à beira do fogão a lenha em épocas de frio para fazer a rezar o terço, prática conservada até hoje. A família também esticava um varal em cima do fogão, com chouriços de vísceras e sangue do porco, feitos pela própria família, a fim de defumar o alimento.
No mesmo fogão a lenha, também assavam a carne de porco, coletavam a gordura/banha do porco e colocavam as partes assadas dentro de uma lata de 18 litros. Cobriam todo alimento com a gordura que condensava, como se fosse uma gelatina, para conservar a carne assada por meses. Conforme o uso, iam retirando os pedaços aos poucos.
Damiana Francisco, 39 anos, é fluminense, jongueira e cozinheira profissional. Sempre preferiu morar em área rural e durante a pandemia aprendeu a beneficiar diversos produtos da roça. Ela e sua mãe usam fogão a lenha, mesmo nos dias de hoje.
Duglaci Souza Thompson, 57 anos, paulista da cidade Oriente. Aprendeu a cozinhar quando tinha 7 anos, olhando sua mãe que usava fogão a lenha. Com a aposentadoria, se empenhou em aprender mais sobre culinária. Em Mariana (MG), onde sua filha morou, conheceu a cultura e a culinária, se especializando nesse nicho da cozinha mineira.
Josefa Vieira da Silva, 64 anos, cearense e costureira nascida em Lavras da Mangabeira. Mora no Campos de São José há 33 anos. Josefa diz que sua mãe tinha um fogão a lenha que funcionava melhor com carvão e sua avó cozinhava na panela de barro em um fogão no canto da cozinha, com base de tijolos e preenchido com terra.
Alessandra Coelho, 50 anos, jacareiense. É mãe de dois e atua na área de confeitaria autônoma. Aprendeu a lidar com fogão a lenha pela experiência do seu marido, de cultura mineira, que herdou a chapa de ferro de sua bisavó e que ainda faz parte da peça ainda hoje. O fogão a lenha é junto com o forno e ao lado da churrasqueira, frequentemente usado pela família, já produziu pães, bolos, pizzas, carnes, muito feijão e doce de banana.
Henrique Marcos de Oliveira, 66 anos, conheceu fogão a lenha quando era criança, mas foi mexer com mais frequência depois de aposentar. Também já fez uma casa de pau a pique em São Luís do Paraitinga. Em sua casa, o fogão a gás só é ligado para fazer o café, já o fogão a lenha é acesso na sequência e fica aceso o dia todo. Usado para fazer assados e todos os outros tipos de pratos.
Cristina Alves, 60 anos, joseense nascida e criada no distrito de Eugênio de Melo. Atua como viveirista e conta que aprendeu a cozinhar no fogão a lenha a partir de vivências e práticas durante sua vida. Hoje tem seu próprio fogão a lenha, que foi presente de sua filha.
Gestão
O Museu do Folclore é um espaço da Fundação Cultural Cassiano Ricardo, que funciona no Parque da Cidade desde 1997. Sua gestão é feita pelo CECP (Centro de Estudos da Cultura Popular), organização da sociedade civil sem fins lucrativos.
Museu do Folclore de SJC
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