“Música para mim é um dom de Deus. Comecei a tocar cavaquinho com 8 anos de idade, junto com meu pai. Ele tinha cavaquinho e eu, com aquela vontade de aprender alguma coisa, pedi o instrumento para ele. A princípio ele não gostou da ideia, mas com a ajuda da minha mãe ele acabou cedendo. E logo comecei a treinar e a tocar alguma coisa junto com ele. Me lembro de tudo como se fosse hoje”.
O depoimento é do pernambucano de Bom Conselho, João Severino dos Santos, 68 anos, que no domingo (27) participará, pela primeira vez, do programa Museu Vivo, no Museu do Folclore de São José dos Campos. Ele estará acompanhado da esposa, Izilda Aparecida Mendes. “Eu não canto, mas vou puxar a cantoria”, disse. A atividade é aberta ao público e acontece no lado externo do museu, entre 14h e 17h.
João Severino, também conhecido como Joãozinho do Cavaco, saiu de Pernambuco em 1968 para morar em São Bernardo e há três anos mora em São José. Hoje está aposentado, mas quando trabalhava como segurança, sempre tocou com os amigos nas horas de folga. Ele toca de ouvido, sem usar cifras ou partituras. Sua principal referência musical é Luiz Gonzaga, mas também toca música sertaneja raiz.
Artesanato
Com 71 anos completados em agosto deste ano, a mineira Cândida Bernardes, deixa intrigada a pessoa que conhece o seu trabalho, o fuxico mineiro, técnica que ela aprendeu a desenvolver com sua mãe. Usando o desenho de um hexágono como molde, Cândida recorta e costura pedaços de pano uns aos outros, até transformá-los em diferentes peças, como bolsas e sacolas.
“Eu ainda era criança quando aprendi a fazer o fuxico mineiro com a minha mãe”, conta Cândida. E foi em São José que ela descobriu que o seu trabalho era diferente do fuxico feito no Estado de São Paulo. “O fuxico paulista é franzido, redondinho e o que eu faço tem um molde”, explica. Cândida é uma das personagens abordadas no 23º volume (página 83) da Coleção Cadernos de Folclore.
Culinária
O bolinho da roça da também mineira Maria José Oliveira, de 76 anos, já é bastante conhecido. “Eu aprendi a fazer em Brasópolis, onde nasci. Minha mãe ia pra roça trabalhar e eu ficava como a irmã mais velha, cuidando dos meus irmãos. Quando chegava a hora do café eu aproveitava para colocar em prática o que eu tinha visto minha mãe fazendo, que ela chamava de bolinho da roça”, conta Maria José.
Sua história também pode ser conferida em detalhes em mais um volume da Coleção Cadernos de Folclore, no 22º volume (página 33). Maria José já participou de outras edições do programa Museu Vivo e todas as vezes senti que é a primeira. “É sempre bom poder mostrar para outras pessoas o que a gente sabe fazer, mostrar o nosso conhecimento”, destaca Maria José.
Criação e gestão
Criado pela Fundação Cultural Cassiano Ricardo em 1987, o Museu do Folclore é gerido, atualmente, pelo Centro de Estudos da Cultura Popular (CECP), organização da sociedade civil sem fins lucrativos, que há 20 anos atua em São José dos Campos na área da cultura popular.
Museu do Folclore de SJC
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