A palavra tradição, que traz em seu significado a transmissão de saberes, costumes, comportamentos, memórias, crenças e lendas, de geração em geração, exemplifica muito bem uma das características da cultura popular. Na região, essa transmissão é valorizada pelo programa Museu Vivo, do Museu do Folclore de São José dos Campos, que reúne representantes da cultura popular regional nas áreas de artesanato, culinária e música. A atividade acontece aos domingos, das 14h às 17h.
Neste domingo (17), um dos convidados para o encontro é o paranaense Luis Pereira dos Santos, 55 anos, conhecido como ‘Luiz da Taboa’. O apelido vem da matéria prima que ele utiliza para fazer peças de artesanato, como cestas, bolsas e cadeiras. A taboa (planta aquática de fibra durável e resistente) está presente na sua família há gerações e acabou gerando uma possibilidade profissional quando esteve desempregado.
Luis conta que seu avô, Manuel dos Santos, empregava a taboa para diversos fins, como para fazer forro de casas, esteiras, cadeiras e mesas. “Meu avô trabalhava totalmente com a taboa e meu pai o ajudou quando era criança. Depois, em São José, meu pai retomou o artesanato com a planta e foi assim que eu aprendi também, olhando ele fazer e fazendo junto”, ressaltou Luis.
Uma receita especial
Aos 65 anos, a mineira Isabel de Fátima Santos Azevedo sabe fazer uma boa variedade de salgados e doces. No domingo ela vai fazer um bolo de coco que aprendeu com sua avó, Carmelina, e com sua mãe, Aparecida, em Minas Gerais, na região de São Lourenço. Fátima conta que, por morar perto da sua avó, conviveu durante muito tempo com ela e aprendeu muitos dos seus saberes e fazeres.
Fátima tem na memória a destreza da avó com os pratos e matéria prima advindos da mandioca, como farinha, polvilho, bolos, bolinhos, pudim e outros. É nas festas da igreja que ela, tradicionalmente, exerce seus saberes populares na comunidade, fazendo cuscuz, pastéis, bolinhos, tortas, bolinho caipira e outros quitutes.
Viola e cantoria
Outro paranaense, José Roberlei Turibio, 56 anos, será a atração musical do ‘Museu Vivo’ de domingo. Com mais de 25 anos tocando e cantando em programas de rádio, ele fará dupla com Ruan Vale. Sua primeira música sertaneja, Mobilete, foi feita em homenagem à prima Janete. O primeiro trabalho gravado aconteceu com o compadre Ramiro, quando formaram a dupla Ramiro e Roberlei.
Sua história como violeiro, cantor e compositor inclui um bom relacionamento com o apresentador de música sertaneja Reizinho, novas parcerias, que resultaram em composições conjuntas; participação em programas de televisão, gravação com cantor famoso e até participação em festivais, com direito a prêmios.
O Museu do Folclore é um espaço da Fundação Cultural Cassiano Ricardo, cuja gestão é feita pelo Centro de Estudos da Cultura Popular (CECP), organização da sociedade civil sem fins lucrativos, com sede em São José dos Campos.
Museu do Folclore de SJC
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