O Museu do Folclore de São José dos Campos abre neste primeiro domingo (1º) de março a exposição temporária Território de Sonhos e Lembranças, com criações da bordadeira e artista popular Therezinha Mariano Pinheiro, a Dona Thereza da Pousada do Vale. A mostra segue aberta até o dia 31 de maio e pode ser visitada, gratuitamente, de terça a sexta, das 9h às 17h, e aos sábados e domingos, das 14h às 17h.
A exposição é formada por 44 bordados feitos a mão e 10 desenhos, que estarão expostos em duas das salas do Museu do Folclore. Os trabalhos são todos muito coloridos e têm imagens de figuras indígenas (seu pai e sua bisavó eram descendentes de índios), elementos da natureza e pássaros, lembranças da infância e das histórias que o pai da artista contava a ela.
“Eu ficava olhando minhas irmãs bordando enxovais para pessoas que iam se casar e aos poucos fui aprendendo, mas eu gostava mesmo era de desenhar. Fazia muitos desenhos e colocava numa pasta. Um dia um dos meus netos, que eu criei desde os três meses de vida, sugeriu que eu passasse a bordar os meus desenhos. Eu comecei e não parei mais, estou bordando até hoje”, conta animada a artista.
Segundo a museóloga Ana Silvia Bloise, responsável pela curadoria da exposição, os trabalhos de Therezinha são fruto de seu talento aliado à sua experiência de vida. Cada cena bordada soa como um alerta: ‘Gente, vamos pensar e cuidar melhor da natureza’”, destaca Ana Silvia. Ela também destaca que a exposição terá um espaço interativo, “onde os visitantes terão a oportunidade de bordar, se desejarem”.
Perfil
Therezinha Mariano, 76 anos, nasceu na área rural de Itapetininga (SP), onde cresceu ao lado dos pais e dos irmãos. Aos 19 anos casou-se e veio morar em São José dos Campos, onde formou sua própria família. Há 25 anos mora no bairro Pousada do Vale, na região leste, na companhia de filhos, netos e nora. “Sou muito querida e respeitada pela minha família”, diz ela.
Para ajudar o pai na lida do gado e outros afazeres na fazenda, Therezinha estudou até o terceiro ano primário na escola rural, mas isto não a impediu de aprender a desenhar e, até mesmo, a escrever contos sobre os desenhos que fazia. Segundo ela, para deixar registrado a memória do que havia conhecido na infância e que hoje já não se vive mais.
“Penso muito no bem estar da natureza e gostaria que ela fosse mais preservada. Gostaria que as pessoas pensassem mais na vida, nas matas, nos rios. Os olhos dos rostos que desenho representam o olhar da natureza, como uma forma de chamar a atenção das pessoas que estão acabando com ela”, ressalta Therezinha.
Visitas e Gestão
As visitas em grupo podem ser feitas durante a semana, de terça a sexta, e devem ser pré-agendadas pelo site do Museu do Folclore, que está localizado no Parque da Cidade, em Santana, região norte. O museu foi criado em 1987 pela Fundação Cultural Cassiano Ricardo e, atualmente, é gerido pelo Centro de Estudos da Cultura Popular (CECP), organização da sociedade civil sem fins lucrativos, com sede em São José dos Campos.
Museu do Folclore de SJC
Av. Olivo Gomes, 100, Parque da Cidade – Santana
(12) 3924-7318 / 3924-7354