Pamonhada e construção de fogão de chão no ‘Museu Vivo’ deste domingo (22)

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“A pamonha une as pessoas e o sabor dela é melhor ainda pela participação de toda a família”. É com este pensamento que o mineiro Saturnino de Barros Silva, define um dos muitos saberes populares que acumulou ao longo da sua vida, o de fazer pamonha. Morando em São José já há um bom tempo, ele é o convidado do Museu do Folclore de São José dos Campos para o ‘Museu Vivo’ deste domingo (22), que começa mais cedo, a partir das 9h, com a construção de um fogão de chão, onde será feita a pamonha.

Saturnino nasceu na roça e por lá ficou até seus 13 anos, mas depois foi estudar em São Paulo. Aos 18 anos retornou às origens e durante um ano procurou fazer de tudo um pouco, sempre valorizando muito o conhecimento e a sabedoria do seu pai. “Hoje eu sigo os passos dele”. Saturnino veio para São José pensando em fazer seu ‘pé de meia’ e poder retornar para a roça. Hoje, vive lá e cá cultivando seus saberes. É o 14º de 18 filhos que sua mãe teve. Do outro casamento de seu pai tem mais 18 irmãos.

A pamonha, como muitas coisas que se resume a vida rural, é tradicional da sua família pela abundância do milho em sua roça e por conta da quantidade de parentes que sempre teve. Saturnino diz que a pamonha acaba unindo as pessoas e o sabor dela é melhor ainda pela participação de toda a sua família. Desde a produção do fogão, dos ralos, a colheita e todo o processo faz parte de sua história.

O plantio do milho e o preparo da pamonha

Saturnino conta que seu pai só plantava milho de agosto a dezembro, pois fora desse período era muito arriscado devido a geadas e secas. “E só plantava ‘casado’, feijão e milho. Depois de três ou quatro meses já era época de colher”. Colhiam o milho de manhã, levavam para casa e retiravam a ‘sapata’, a casca maior, e separavam as melhores espigas – as mais robustas, para separar a palha.

Depois de separar as palhas, faziam o ‘marrio’, que é a amarração com a palha do milho seco. Enquanto isso, uns preparavam o milho, tirando os milhos secos, ralavam e separavam o que iria para a pamonha doce e para a salgada. Tudo ia na água quente. Quando a palha muda de cor, está pronto.

A construção do fogão de chão

Segundo Saturnino, o fogão de chão (ou fogão de tacho) também era uma das habilidades de seu pai, que ainda sabia construir casas e trabalhar com a madeira. “Desde criança eu o via fazer esse fogão, muito utilizado no cotidiano da casa. Nele era feito o sabão, onde se torrava café, cozinhava doces, fazia a pamonha, se fervia e tingia roupas. Em dia de festa, o fogão era usado para fazer vaca atolada”, conta.

O fogão de chão é uma adaptação portuguesa do forno de pedras feito pelos indígenas, antes do desembarque lusitano nesta terra. Os nativos ensinaram aos portugueses a organizar as pedras no chão, de forma a utilizar o calor do fogo para diversos fins. Os portugueses adicionaram à feitura do fogão de chão o barro amassado, fixando o fogão em um determinado cômodo da casa, geralmente na cozinha. Porém, devido à simplicidade de fabricação, pode ser feito em qualquer lugar.

Estas e outras informações sobre a construção do fogão de chão podem ser conferidas no livro ‘O Saber e o Fazer no Museu do Folclore II’, 23º volume da Coleção Cadernos de Folclore, com pesquisas e textos dos historiadores Fábio Martins Bueno e Maria Siqueira Santos. A obra está disponível para consulta na biblioteca do Museu do Folclore ou pela internet, no site do museu, à página 37.

O Projeto Museu Vivo é uma realização da Fundação Cultural Cassiano Ricardo (FCCR) e do Museu do Folclore de São José dos Campos, realizado sob gestão do Centro de Estudos da Cultura Popular (CECP). A atividade é aberta ao público e acontece na área externa do museu aos domingos à tarde, das 14h às 17h, duas vezes por mês. Excepcionalmente neste domingo começará às 9h.

Museu do Folclore: Avenida Olivo Gomes, 100, Parque da Cidade, Santana. Informações: 3924-7318.

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